PUBLICAÇÕES NEUROFLUX

Os perigos da Empatia: Quando sentir demais pode ser um problema

Artigo Publicado: 10/03/2025

Os perigos da Empatia - TCC - NeuroFlux

A Empatia: Entre virtude e risco

A empatia é amplamente considerada uma virtude essencial para a convivência humana. No entanto, o psicólogo Paul Bloom desafia essa visão ao argumentar que a empatia, embora tenha aspectos positivos, pode levar a consequências inesperadas e, em alguns casos, até prejudiciais. Neste artigo, explorarei as diferentes facetas da empatia, seus efeitos psicológicos e sociais, e como ela pode tanto fortalecer quanto fragilizar a moralidade e o comportamento humano.

Os diferentes significados da Empatia

A empatia pode ser entendida de diversas formas. Muitas vezes, é associada a sentimentos como compaixão, gentileza e amor. Nesse sentido, Paul Bloom não a rejeita, pois ela impulsiona o cuidado e a solidariedade entre as pessoas.

Por outro lado, a empatia também pode ser vista como a capacidade de compreender o que os outros sentem e pensam — um conceito conhecido na psicologia como empatia cognitiva. Essa habilidade, também chamada de “teoria da mente” ou “inteligência emocional”, é uma forma de inteligência que pode ser usada tanto para o bem quanto para o mal. Alguém pode usá-la para ajudar uma pessoa em sofrimento, mas também para manipular e explorar suas emoções.

Já a empatia emocional, ou a capacidade de sentir a dor do outro como se fosse própria, é o ponto central das críticas de Bloom. Ele argumenta que essa forma de empatia pode ser irracional, seletiva e, muitas vezes, levar a decisões morais distorcidas.

As limitações da Empatia

A empatia emocional pode ser profundamente parcial. Estudos mostram que as pessoas tendem a sentir empatia por aqueles que se parecem com elas ou compartilham dos mesmos interesses. Em um experimento com torcedores de futebol, os participantes sentiam a dor de uma pessoa que torcia para o mesmo time, mas não demonstravam a mesma empatia ao ver um torcedor adversário sofrer — e, em alguns casos, até sentiam prazer com o sofrimento do outro.

Além disso, a empatia tem um alcance limitado. Um indivíduo pode sentir profundamente a dor de uma única criança faminta, mas dificilmente conseguirá sentir o mesmo por milhões de crianças na mesma situação. Esse fenômeno é descrito pela frase atribuída a Joseph Stalin: “Uma morte é uma tragédia, um milhão de mortes é uma estatística.”

Empatia e Violência

Um dos pontos mais controversos da crítica de Bloom é que a empatia pode incentivar a crueldade. Estudos sugerem que pessoas altamente empáticas podem ser mais propensas a buscar punições severas contra aqueles que consideram agressores. Isso ocorre porque, ao sentir profundamente o sofrimento da vítima, o desejo de vingança se torna mais intenso.

Experimentos conduzidos pelo próprio Paul Bloom mostraram que, ao apresentar uma história sobre um país que sequestrava americanos, as pessoas mais empáticas tinham maior tendência a apoiar medidas agressivas, como invasão militar. O mesmo aconteceu quando os participantes eram confrontados com um caso de abuso infantil — os mais empáticos defendiam punições mais severas, como a pena de morte.

Historicamente, a empatia tem sido usada para justificar atos brutais. No período nazista e durante os linchamentos de afro-americanos nos Estados Unidos, líderes manipulavam a empatia do público, retratando seus inimigos como ameaças que mereciam ser eliminadas.

O mercado da Empatia

A empatia também pode ser explorada economicamente. Organizações humanitárias, por exemplo, utilizam imagens e histórias impactantes para estimular doações. No entanto, isso pode gerar efeitos colaterais. Em alguns países africanos, a ajuda humanitária descontrolada já prejudicou economias locais, dificultando o desenvolvimento sustentável.

A jornalista Linda Polman investigou um conflito na África e descobriu algo chocante: grupos armados cometiam atrocidades intencionalmente para chamar a atenção do Ocidente e atrair mais ajuda humanitária. Isso mostra como a empatia pode ser manipulada por aqueles que sabem como ativá-la nas pessoas.

Empatia x Compaixão: Uma alternativa mais eficiente?

Se a empatia emocional tem tantas falhas, qual seria a alternativa? Paul Bloom sugere que a compaixão pode ser uma emoção mais confiável.

Enquanto a empatia faz com que sintamos o sofrimento do outro como se fosse nosso, a compaixão nos permite nos importar com os outros sem sermos dominados pelo sofrimento. Essa distinção foi estudada em experimentos com monges budistas. Quando sentiram empatia por alguém em sofrimento, a atividade cerebral indicou angústia. Mas, ao praticarem a compaixão, os padrões cerebrais estavam ligados a sentimentos positivos, como amor e proximidade social.

Além disso, estudos mostram que pessoas muito empáticas são mais propensas a sofrer burnout em profissões como medicina, psicologia e assistência social. Isso ocorre porque elas absorvem tanto o sofrimento dos outros que acabam se esgotando emocionalmente.

Empatia e Relacionamentos

Outro argumento de Bloom é que a empatia não deve ser confundida com um bom relacionamento. Em um casamento, por exemplo, uma esposa ansiosa não quer que o marido compartilhe sua ansiedade, mas que a ajude a encontrar calma. Da mesma forma, um paciente espera que seu médico seja compreensivo, mas não que sofra junto com ele.

A escritora Leslie Jamison descreveu sua experiência ao lidar com médicos empáticos demais. Ela percebeu que não queria um profissional que refletisse seu medo, mas alguém que transmitisse segurança. Isso reforça a ideia de que um excesso de empatia pode, paradoxalmente, prejudicar a qualidade dos relacionamentos.

Empatia e Religião

Por fim, Bloom investiga a relação entre moralidade e religião. Pesquisas mostram que, embora a religião possa incentivar boas ações, ela também pode reforçar a intolerância. Estudos indicam que religiosos tendem a ser mais generosos com caridade, mas também podem ser mais hostis com aqueles que não compartilham de suas crenças.

A religião pode influenciar a moralidade de diversas formas. Um estudo revelou que, em uma empresa onde os funcionários pegavam leite e deveriam deixar o pagamento espontaneamente, muitos não pagavam. Mas quando uma imagem de um par de olhos foi colocada no local, o número de pagamentos aumentou. A explicação? A sensação de estar sendo observado, mesmo que simbolicamente, incentivou um comportamento mais honesto.

Isso sugere que, para algumas pessoas, a crença em um Deus que tudo vê pode servir como um fator de controle moral. No entanto, isso não significa que apenas religiosos podem ser bons — ateus também podem ser éticos e generosos.

A empatia tem um papel importante na sociedade, mas não é uma ferramenta infalível. Ela pode ser irracional, seletiva e até levar a atos de crueldade. Em alguns casos, a compaixão pode ser uma alternativa mais eficaz, pois nos permite ajudar sem sermos dominados pelo sofrimento.

Além disso, a empatia pode ser manipulada para interesses econômicos e políticos, reforçando conflitos e desigualdades. Portanto, ao invés de confiar cegamente na empatia, talvez devêssemos buscar formas mais equilibradas e racionais de agir com bondade e justiça.

No final das contas, a verdadeira questão não é se devemos ser empáticos ou não, mas como podemos usar nossas emoções e nossa razão para tornar o mundo um lugar melhor.

SENTE QUE PREOCUPAÇÕES E QUESTÕES EMOCIONAIS ESTÃO TOMANDO CONTA DA SUA VIDA?

ALGUMAS DORES NÃO CICATRIZAM SOZINHAS. IGNORAR ESSES SINAIS PODE TORNAR TUDO MAIS DIFÍCIL.
A boa notícia é que você não precisa passar por isso, sem apoio especializado.
A Psicoterapia pode ajudá-lo a entender suas emoções, encontrar clareza e construir um caminho mais leve e equilibrado.

Psicólogo - Dr. Osvaldo Marchesi Junior - CRP - 06/186.890 - NeuroFlux Psicologia Direcionada

DR. OSVALDO MARCHESI JUNIOR
Psicólogo em São Paulo - CRP - 06/186.890

Atendimentos Psicológicos On-line e Presenciais para pacientes no Brasil e no exterior.

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Hipnoterapia.

Whatsapp: +55 11 96628-5460

SAIBA MAIS

ENDEREÇO

Zona Sul - Aclimação
São Paulo - SP


CONTATO

Tel / WhatsApp:
+55 (11) 96628-5460
E-mail:
contato@neuroflux.com.br

HORÁRIOS
Segunda à Sexta - 9 às 20h
Sábado - 9 às 19h
(Fuso-Horário de Brasília)


Dr. Osvaldo Marchesi Junior
Psicólogo - CRP - 06/186.890

Hipnoterapeuta

WhatsApp