A forma como os homens se relacionam afetivamente está mudando. A chamada “nova masculinidade” vem se consolidando como uma alternativa aos modelos tradicionais baseados em repressão emocional, controle e desempenho. Essa transformação cultural tem gerado impactos profundos nos relacionamentos amorosos — tanto positivos quanto desafiadores.
Neste artigo, você vai compreender o que é a nova masculinidade, como essa mudança de paradigma impacta a vida conjugal e como a terapia de casal pode ajudar homens e mulheres a reconstruírem vínculos mais saudáveis, empáticos e igualitários. A abordagem será feita à luz da psicologia contemporânea, com base em evidências clínicas e reflexões técnicas sobre o processo de desconstrução dos estereótipos masculinos nas relações amorosas.
O que é a Nova Masculinidade?
A nova masculinidade não é um modelo único e definitivo. Trata-se, na verdade, de um movimento de abertura e questionamento dos papéis tradicionalmente atribuídos ao homem. Em vez da rigidez emocional e da imposição de força como sinônimo de masculinidade, esse novo olhar promove:
• Expressão emocional autêntica.
• Vulnerabilidade como força de conexão.
• Participação ativa na parentalidade.
• Respeito à individualidade do(a) parceiro(a).
• Comunicação não violenta.
• Equidade de responsabilidades afetivas e domésticas.
Esse movimento também envolve uma autocrítica masculina sobre privilégios e padrões tóxicos internalizados, que muitas vezes impedem a construção de vínculos genuínos e equilibrados.
Estereótipos de gênero e suas consequências emocionais
Durante décadas (e ainda hoje), a masculinidade hegemônica foi construída com base em três pilares principais: proibição da vulnerabilidade, obrigação do sucesso e hostilidade nas relações (Kimmel, 2008).
Esses elementos resultam em padrões psicológicos como:
• Dificuldade de acesso às próprias emoções.
• Transtornos internalizantes (depressão mascarada, ansiedade reprimida).
• Comportamentos defensivos ou agressivos nos relacionamentos.
• Incapacidade de escuta ativa e empatia no diálogo conjugal.
• Baixa tolerância à frustração e crítica emocional.
Ao trazer essas questões para o campo relacional, compreende-se por que a masculinidade tradicional frequentemente se torna um fator de risco para o desgaste conjugal.
Como a Nova Masculinidade impacta os relacionamentos?
A transformação nos papéis de gênero, especialmente quando um dos parceiros começa a mudar, pode gerar reações ambivalentes no relacionamento. De um lado, há maior conexão emocional, parceria e escuta. De outro, pode emergir uma crise de identidade relacional: o casal precisa reconstruir seus pactos afetivos e simbólicos.
Efeitos positivos da nova masculinidade no casal:
• Melhora da comunicação emocional.
• Redução de conflitos baseados em rigidez ou silêncio emocional.
• Aumento da intimidade emocional e sexual.
• Distribuição mais justa das tarefas e responsabilidades familiares.
• Maior abertura para processos de autoconhecimento mútuo.
Desafios mais comuns:
• Medo do homem de “perder autoridade” ou de se tornar “menos desejável”.
• Insegurança da parceira diante de um modelo emocional ainda desconhecido.
• Reações defensivas baseadas em scripts antigos internalizados.
• Conflitos sobre expectativas contraditórias (“homem sensível, mas também forte”).
Como a Terapia de Casal pode ajudar?
A terapia de casal é um espaço seguro para explorar, questionar e transformar esses conflitos. Através de intervenções estruturadas, é possível desconstruir estereótipos prejudiciais e desenvolver um novo padrão relacional baseado na autenticidade emocional.
Etapas terapêuticas mais eficazes:
1. Psicoeducação sobre papéis de gênero
Técnicas de psicoeducação em terapia de casal são utilizadas para ajudar o casal a entender os efeitos da socialização de gênero em suas formas de se comunicar, expressar afeto e lidar com o conflito.
2. Identificação de esquemas de masculinidade disfuncionais
A abordagem pode incluir o mapeamento de esquemas iniciais desadaptativos masculinos (como o esquema de subjugação, exigência de autossuficiência ou inibição emocional) e como eles influenciam a dinâmica conjugal.
3. Reestruturação cognitiva conjunta
O terapeuta ajuda ambos os parceiros a identificar e reestruturar crenças disfuncionais de gênero, como: “homem que chora é fraco”, “preciso resolver tudo sozinho”, “demonstrar afeto é sinal de dependência”.
4. Exercícios de comunicação emocional
A prática de escuta ativa, validação afetiva e comunicação assertiva permite que o casal experimente formas mais saudáveis de se relacionar, promovendo segurança emocional mútua.
5. Reconstrução de intimidade com base na vulnerabilidade
Quando o homem aprende a se expressar com autenticidade, ele pode se reconectar afetivamente, superando o isolamento emocional. Isso gera reconexão emocional e sexual.
Casos Clínicos
Caso 1: “Ele nunca fala o que sente”
Em terapia, observou-se que o parceiro tinha um esquema profundo de inibição emocional e medo de parecer fraco. A TCC adaptada para casais permitiu identificar a origem desse padrão (criação com pai rígido) e trabalhar com reestruturação cognitiva e práticas de validação conjugal.
Caso 2: “Agora ele está emotivo demais e eu não sei como lidar”
Neste exemplo, a mulher se sentia confusa com a nova postura sensível do parceiro. O trabalho terapêutico envolveu alinhar expectativas afetivas, desconstruir mitos sobre masculinidade e fortalecer a empatia mútua.
Nova Masculinidade e Terapia de Casal: Caminhos para uma relação mais saudável
A desconstrução dos estereótipos masculinos nos relacionamentos amorosos não significa perda de identidade, mas um ganho de complexidade, profundidade e liberdade afetiva. Quando os homens são acolhidos em seus processos de transformação, e quando os casais dialogam sobre essas mudanças, os vínculos se tornam mais fortes, autênticos e duradouros.
A terapia de casal, nesse contexto, é uma potente ferramenta de autoconhecimento relacional, reconstrução de pactos emocionais e reeducação afetiva.
Perguntas Frequentes sobre a Nova Masculinidade nos Relacionamentos
1. O que é nova masculinidade nos relacionamentos?
É a forma como homens estão repensando sua identidade afetiva, emocional e conjugal, abandonando padrões tóxicos e abrindo espaço para uma convivência mais empática, vulnerável e igualitária.
2. Por que a nova masculinidade pode causar conflitos no casal?
Porque quebra expectativas tradicionais e scripts internalizados. A mudança de um parceiro exige uma nova negociação afetiva e pode gerar desconfortos iniciais, principalmente quando não há diálogo sobre essas transformações.
3. A terapia de casal ajuda homens a se expressarem melhor emocionalmente?
Sim. Através de técnicas baseadas na TCC, comunicação assertiva e psicoeducação emocional, é possível ajudar o homem a se reconectar com suas emoções e aprender formas saudáveis de expressá-las no relacionamento.
4. Quais são os maiores desafios para homens na terapia de casal?
Muitos homens têm dificuldade de assumir vulnerabilidades, medo de parecer fracos ou medo de perder o controle relacional. Esses fatores são trabalhados progressivamente no processo terapêutico.
5. Como lidar quando o homem começa a mudar e a parceira não acompanha?
É fundamental manter o diálogo aberto e, se possível, buscar ajuda profissional. A mudança em um membro do casal impacta o sistema relacional, e o acompanhamento pode evitar rupturas ou mal-entendidos.
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DR. OSVALDO MARCHESI JUNIOR
Psicólogo em São Paulo - CRP - 06/186.890
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Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Hipnoterapia.
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