Para responder a esta pergunta, existe um modelo conceitual transteórico que postula a divisão da relação psicológica terapêutica em três fenômenos distintos, sendo eles:
1 - A aliança terapêutica.
2 - A transferência e a contratransferência.
3 - A relação terapêutica real.
Todos estes fenômenos, durante um processo de terapia, deste modo, coexistem simultaneamente, sendo contudo, a aliança terapêutica o principal fenômeno de presságio de sucesso e de resultados positivos em um tratamento psicoterápico.
O conceito de aliança terapêutica, neste sentido, engloba todos os processos conscientes, deliberados, racionais, o senso de colaboração, o vínculo, os objetivos e a disponibilidade do paciente para com o seu terapeuta.
Então, nesta perspectiva, presume-se que o paciente que decide fazer psicoterapia está disposto a ter disponibilidade de tempo para isso e boa vontade, procurando um terapeuta, com a disposição de trabalhar uma demanda específica, buscando assim, um tratamento com um certo grau de engajamento e de senso de colaboração participativa.
Consequentemente, as psicoterapias cognitivo-comportamentais, em seu âmbito de atuação, fundamentam todas as suas intervenções lastreadas, justamente, neste fenômeno relacional.
A relação real, entretanto, consiste nas pessoas reais que constituem a díade paciente-terapeuta, com propósitos genuínos e autênticos, juntamente com a percepção mútua de como ambos realmente são, com duas forças básicas interatuantes: a autenticidade e o realismo.
Assim, quanto maior for a percepção do terapeuta em relação ao seu paciente e vice-versa, maior será a valência e a potência da relação real e da aliança terapêutica estabelecida.
Por outro lado, conforme postulado inicialmente na psicanálise Freudiana, ainda estão presentes neste processo, os fenômenos da transferência e da contratransferência, trazendo consigo questões de conflitos inconscientes mal resolvidos.
Em função disto, aspectos conscientes estarão mais envolvidos na aliança terapêutica e, no entanto, aspectos inconscientes estarão mais presentes na transferência e na contratransferência, tanto em termos funcionais e adaptativos, quanto disfuncionais e mal adaptativos que precisam ser avaliados e trabalhados na relação terapêutica.
Devido à sua extrema importância, a aliança terapêutica, de fato, é o tema mais estudado em pesquisas há mais de três décadas. Sendo, nesse sentido, a natureza colaborativa desta relação fortalecida, em última instância, pelo vínculo de afetos e pela capacidade da dupla paciente-terapeuta de entrar em comum acordo sobre suas tarefas e objetivos centrais no tratamento, uma parte fundamental deste processo.
Em contrapartida, uma aliança terapêutica frágil, com um paciente desmotivado e pouco engajado apresentará resultados compatíveis com esta relação empobrecida, caso o terapeuta não trabalhe adequadamente a motivação pré-contemplativa deste paciente que, possivelmente, veio para a terapia não por vontade própria, mas sim, por exemplo, pela imposição de algum membro da sua família.
Isto posto, a transferência diz respeito, então, à reedição na relação terapêutica da nossa maneira característica de agir nos relacionamentos convencionais, sobretudo, nos aspectos mais regredidos da primeira infância, refletindo assim, crenças nucleares e habilidades interpessoais que foram aprendidas.
Quanto menos transferência psicológica existir na figura do outro, portanto, melhor será o relacionamento, mais forte será a relação real constituída e mais efetivo será o impacto de uma intervenção terapêutica com propósitos curativos.
Deste modo, indivíduos mais regressivos, possuem maior dificuldade na percepção do outro, projetando, idealizando e se frustrando com maior facilidade. E, em contrapartida, pessoas com maior grau de maturidade são, contudo, capazes de se aperceber do outro com mais assertividade, tolerando melhor as frustrações e realizando escolhas mais adequadas.
Em síntese, então, todas as questões envolvidas na relação terapêutica, estão fundamentadas nos seguintes fenômenos: a aliança terapêutica, as motivações conscientes, a transferência com seus fenômenos inconscientes e a relação real com todos os seus aspectos relacionais inerentes.
DR. OSVALDO MARCHESI JUNIOR
Psicólogo em São Paulo - CRP - 06/186.890
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Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Hipnoterapia.
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