Segundo o Professor Robert Leahy, de modo geral, pessoas que se preocupam demais querem, sobretudo, antecipar a resolução de possíveis problemas em suas vidas e, justamente, em função disto, para se proteger de adversidades, acreditam inadvertidamente que se preocupar, pensando em diversos cenários futuros, é a melhor maneira de fazer isso.
Apesar disto, existem, entretanto, inúmeras estratégias de controle da preocupação que absolutamente não funcionam e, inclusive, podem ter desfechos extremamente negativos.
Neste sentido, uma parte fundamental da psicoterapia cognitivo-comportamental para o manejo da preocupação excessiva é mostrar para o paciente, através da psicoeducação, que as estratégias habituais que ele adota acreditando que irão ajudá-lo a obter respostas e parar com a preocupação, na maior parte das vezes, simplesmente, são disfuncionais e muito pouco efetivas.
Isto posto, apresento a seguir, algumas estratégias de manejo da preocupação, comumente utilizadas, que não apresentam resultados positivos e, também, os motivos que justificam isso:
1 - Procurar a tranquilização
Procurar a tranquilização não funciona porque este comportamento, no frigir dos ovos, não nos dá certeza de nada e, parte fundamental para aprendermos a lidar de forma saudável com o mundo real é, justamente, conseguirmos tolerar a incerteza e não irmos em busca da utópica certeza absoluta.
Tudo é uma questão de probabilidade (sim, não ou talvez) e afinal de contas, não importa quantas vezes alguém tente te tranquilizar, seja seu parceiro, seu médico, seu amigo ou qualquer outra pessoa, a única coisa que podemos afirmar é que: nunca saberemos de nada com certeza.
2 - Frear os pensamentos
Trata-se da estratégia mental de repetir para si mesmo: “Pare de pensar, já chega “. Uma técnica que foi muito adotada até cerca de 40 anos atrás, quando uma pesquisa científica demonstrou a sua ineficiência e, em alguns casos, até a piora considerável dos níveis de preocupação.
Isto devido ao fato de que, todos os nossos pensamentos que são reprimidos, de modo geral, acabam aumentando e exponenciando. Assim sendo, lembre-se de que tudo que se resiste, persiste.
Quando tentamos reprimir o pensamento, ficamos, apenas, mais conscientes do mesmo.
3 - Coletar o máximo de informações possíveis
Não é incomum que pessoas que se preocupam demais com a sua saúde, por exemplo, pesquisem na internet sobre determinada patologia, acreditando que se tiverem toda a informação, poderão saber, com certeza, se possuem ou não uma doença específica.
Mas, na realidade, este comportamento de coletar mais e mais informações, por outro lado, aumenta a preocupação e os níveis de ansiedade, além de criar suposições equivocadas acerca de assuntos sobre os quais não temos conhecimento.
Sempre procuramos por informações tendenciosas, geralmente, que confirmem as nossas crenças negativas e, deste modo, estas informações coletadas podem ser irrelevantes.
Se não somos especialistas, como poderemos interpretar as informações corretamente?
Então, muito possivelmente, daremos relevância para informações que são absolutamente insignificantes e que deveriam ser descartadas.
4 - Verificar repetidas vezes
Fique atento caso uma atitude repetitiva comece a prejudicar a sua rotina. As obsessões, sejam elas manifestadas sob a forma de pensamentos ou de comportamentos desadaptativos, normalmente, causam grande angústia e ansiedade.
5 - Evitar situações ansiogênicas
Este comportamento aumenta a sua ansiedade, uma vez que reforça em você, uma crença central de defectividade, com a possível conclusão extremada de que, absolutamente, nunca será capaz de lidar com situações difíceis.
6 - Abuso de álcool e outras drogas
Não existe, com certeza, nenhum problema que não irá piorar, ou até mesmo desaparecer, com o uso de álcool ou de drogas.
O consumo de substâncias pode ajudar a “anestesiar “ e diminuir, no curto prazo, a intensidade dos afetos negativos, mas no médio e no longo prazo, os efeitos podem ser catastróficos, causados, sobretudo, pela resistência do organismo a droga, que irá necessitar de doses cada vez maiores para a obtenção do mesmo estado de alívio inicial.
7 - Preparar-se demais
Uma pessoa que vai dar uma palestra, por exemplo, costuma se preparar demais, ensaiando de novo, de novo e de novo, constantemente, pensando que tudo que ela disser deve ser 100% perfeito.
Contudo, preparar-se demais, de forma irreal e exaustiva para uma atividade, faz com que o nosso cérebro interprete este comportamento como uma dúvida que se traduz no dilema: não sou capaz de fazer.
8 - Comportamentos de segurança
Tratam-se de comportamentos adotados para que possamos nos sentir seguros.
Às vezes as pessoas rezam ou vestem algo especial, pedem garantias ou, até mesmo, ficam em uma posição corporal específica.
Se estão preocupadas dentro de um avião, por exemplo, seguram-se nas laterais do banco ou no braço de seus parceiros. Isso, no entanto, não as auxilia a reduzir a preocupação, sendo apenas, um comportamento que não gera resultados e nem, tampouco, ameniza os afetos ansiosos.
9 - Tentar sempre criar uma boa impressão
Pensamos, de modo geral, que sempre temos que ser perfeitos, interessantes e absolutamente incríveis, mas justamente esta expectativa com altos padrões de exigência, nos deixa ainda mais preocupados.
Ficar ruminando mentalmente, pensando várias vezes sobre o passado, sobre como nos demos mal, ou sobre como poderíamos ter ido melhor em determinada ocasião, ao invés de nos ajudar a encontrar uma solução para não cometermos mais o mesmo erro, de forma oposta, conduz-nos à depressão e ao extremo da preocupação.
10 - Não aceitação de pensamentos indesejados
É simplesmente impossível pararmos de nos preocupar. Teremos pensamentos indesejados pelo resto da vida.
Pessoas que se preocupam demais, comumente, acreditam que seus pensamentos são loucos demais e, por isso, não podem aceitá-los.
Mas, na realidade, a maneira chave de controlar a preocupação é, justamente, levar em consideração todos os nossos pensamentos, não resistindo aos mesmos, mas apenas, os contemplando, sem contudo, identificar-nos com eles.
Estes, então, são alguns exemplos de estratégias que as pessoas utilizam quando estão preocupadas, pensando que de alguma forma irão ajudá-las a resolver os seus problemas e mitigar as suas preocupações, mas que contudo, simplesmente, não funcionam.
Mas, afinal de contas, qual é a natureza da preocupação?
Para responder a esta pergunta, a seguir apresento as 7 crenças centrais que, de modo geral, costumam reger a vida das pessoas extremamente preocupadas:
1 - Se algo ruim pode acontecer é minha responsabilidade me preocupar com isso.
2 - Não aceito nenhuma incerteza, pois preciso saber de tudo com absoluta certeza.
3 - Trato todos os meus pensamentos negativos como se eles realmente fossem verdadeiros.
4 - Qualquer coisa ruim que pode me acontecer é um reflexo de quem eu sou como pessoa.
5 - O fracasso para mim é inaceitável.
6 - Preciso me livrar de qualquer pensamento ou sentimento negativo imediatamente.
7 - Trato absolutamente tudo como se fosse uma emergência.
DR. OSVALDO MARCHESI JUNIOR
Psicólogo em São Paulo - CRP - 06/186.890
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Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Hipnoterapia.
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