As pesquisas de Tom Borkovec sobre o modelo de evitação emocional sugerem que pessoas muito preocupadas, com pensamentos abstratos, de fato, suprimem temporariamente a excitação emocional e fisiológica.
Segundo esta premissa, então, quando estamos preocupados, de modo geral, permanecemos menos excitados.
Contudo, o problema desse tipo de evitação emocional relacionado à preocupação é que, a medida que, suprimimos nossas emoções durante um período de preocupação, seja ele breve ou não, quando paramos de nos preocupar, a excitação volta depois, mais forte e com um efeito rebote.
Mas, afinal de contas, porque as pessoas preocupadas querem se livrar imediatamente de qualquer sentimento negativo?
A resposta para esta questão é, justamente, o medo das emoções, ocasionado por inúmeros fatores, como:
- Indivíduos preocupados são alexitímicos (analfabetos emocionais).
- Preocupados possuem mais dificuldade de identificar as suas emoções.
- Quem se preocupa demais, costuma ter uma visão negativa das emoções.
- A preocupação é uma forma de evitar as nossas emoções.
- A preocupação suprime a excitação temporariamente.
Em síntese, pessoas com mais tendência a serem preocupadas sustentam uma visão negativa acerca de suas emoções, geralmente, manifestadas por pensamentos automáticos disfuncionais, como, por exemplo: minhas emoções não fazem sentido para mim, elas irão durar indefinidamente, não consigo entender porque eu estou tão chateado ou com raiva, eu sinto que as minhas emoções vão me sobrecarregar, não consigo controlar as minhas emoções, eu sinto vergonha das minhas emoções e não deveria me sentir assim e/ou não aguento mais ter sentimentos misturados.
Pessoas preocupadas, neste sentido, pensam que não podem sentir emoções e expressá-las adequadamente, uma vez que não serão validadas socialmente por isso.
No entanto, existe um tratamento clínico eficaz baseado na mudança da visão negativa das emoções em pessoas com transtorno de ansiedade generalizada que utiliza o modelo de esquema emocional, com enfoque na psicoeducação de aspectos, como:
- Entendimento de que as emoções são temporárias.
- As emoções não são perigosas.
- Todo mundo sente emoções.
- As emoções não vão sair do nosso controle.
- Podemos aceitar e acolher as nossas emoções.
- Às vezes ter ansiedade é uma maneira de confrontar as nossas emoções difíceis.
Esse tratamento focado na mudança da visão das emoções, aprendendo a aceitá-las e tolerá-las, realmente, reduz o TAG significativamente, em um período muito curto de tempo.
Contudo, outra suposição equivocada que as pessoas preocupadas têm é que precisam resolver todos os seus problemas com extrema urgência. Metaforicamente, seria como se o alarme de incêndio tivesse sido acionado e elas precisassem agir rápido para evitar que a casa pegue fogo.
Esse senso de urgência, no entanto, esta emergência se aproxima rapidamente e torna-se, sobretudo, uma peça-chave da preocupação, levando a pessoa a ter a ilusão de que precisa de uma resposta imediata para a solução de um problema, fundamentada na crença de que precisa ter sempre o controle de todas as situações.
O senso de urgência, traz inerentemente consigo um modelo de vulnerabilidade iminente, onde a ameaça vem muito rapidamente, não existindo margem para manobra.
Apesar disso, em última instância, precisamos ter em mente que sempre existe um risco de estarmos tendo uma percepção errada da realidade.
De fato, pessoas preocupadas superestimam o risco, esquecendo-se, até mesmo, sobre o que as preocupava há alguns meses, estando erradas em cerca de 85% das vezes, com previsões negativas que, geralmente, não se concretizam.
Mas porque, muitas vezes, superestimamos os riscos?
Fazemos isso porque estamos tentando evitar que coisas ruins aconteçam. Do ponto de vista evolutivo, a principal vantagem de superestimarmos um risco é a garantia da nossa sobrevivência, com a única desvantagem de ficarmos ansiosos com isso. Por outro lado, o custo de subestimarmos uma situação de perigo, pode ser a nossa própria vida.
Outro ponto importante de ser avaliado é que temos uma nítida tendência de colocar muita ênfase no que aconteceu recentemente. Quanto mais recente um evento, mais achamos que ele poderá acontecer de novo, no entanto não olhamos as probabilidades, não olhamos para os números reais, mas sim, somente, para aquilo que acabou de acontecer.
Também, percebemos o risco de forma equivocada, em termos de familiaridade, assim, nos acostumamos com as coisas porque elas existem, através de uma exposição cumulativa, ou seja, a grosso modo, quanto mais fazemos determinada coisa, menos arriscada pensamos que ela de fato é.
Assim sendo, quanto mais nos expomos ao perigo, menos pensamos que é perigoso. Seria como uma roleta russa, na qual puxamos o gatilho várias vezes e nada aconteceu, então, logo deve ser seguro. Porém, quanto maior a exposição, maior, evidentemente, será o risco real.
Igualmente, quanto mais dramático for um evento, mais chamativo ele será. A imagem, por exemplo, de um acidente aéreo, deste modo, vale mais do que mil palavras ou mil medos e preocupações.
Entretanto, por mais que uma imagem seja aterrorizante, as estatísticas podem não ser. Não ficamos tristes com números, mas ficamos tristes e extremamente preocupados com uma imagem ou com uma história, negligenciando, assim, as probabilidades.
Além disso, a representatividade de um fato, também, pode exercer muita influência em nossa preocupação.
Assim, supondo hipoteticamente que houve um tiroteio em uma cidade e, justamente, por coincidência, amanhã você está indo para este local, para você, então, deve ser muito perigoso.
Esta cidade, de repente, passa a te preocupar e ser o lugar mais perigoso do mundo, pois representa o local para onde você está se deslocando, sendo, deste modo, relevante para a sua sobrevivência.
Contudo, não olhamos para a quantidade de pessoas nesta cidade que não foram baleadas, uma vez que o nosso cérebro, evolutivamente, em grande parte das vezes, tem dificuldade de raciocinar em termos de probabilidades, enviesando, assim, o nosso julgamento sobre os riscos e, consequentemente, em função disto, aumentando as nossas preocupações e ansiedade de forma desnecessária.
DR. OSVALDO MARCHESI JUNIOR
Psicólogo em São Paulo - CRP - 06/186.890
Atendimentos Psicológicos On-line e Presenciais para pacientes no Brasil e no exterior.
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Hipnoterapia.
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