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Psicoterapia e Depressão: Identificando gatilhos e criando estratégias

Artigo Publicado: 07/03/2025

Psicoterapia e Depressão - TCC - NeuroFlux

A avaliação psicoterápica de admissão é um dos momentos mais importantes no início do tratamento psicológico da depressão. É nesse processo que o terapeuta busca compreender o paciente em sua totalidade, desde seus motivos para buscar ajuda até os eventos que podem ter contribuído para o surgimento de sua dor emocional.

Áreas de avaliação inicial

A entrevista inicial deve abordar diversas áreas da vida do paciente para obter uma visão ampla de seu funcionamento. Entre os principais pontos analisados estão:

• Motivos da consulta: identificação dos problemas enfrentados, de forma específica e concreta.
• Descrição familiar: estrutura familiar, dinâmica entre os membros e possíveis conflitos.
• Histórico do desenvolvimento: aspectos pré-natais, doenças na infância e marcos do desenvolvimento.
• Histórico escolar e social: experiências acadêmicas, amizades e relacionamentos afetivos.
• Carreira e histórico profissional: trajetória no mercado de trabalho e impactos psicológicos.
• Relacionamentos íntimos: qualidade dos vínculos amorosos e familiares.
• Saúde na fase adulta: doenças e hábitos que impactam o bem-estar.
• Histórico de dificuldades: momentos de sofrimento ao longo da vida.
• Expectativas em relação à terapia: objetivos e esperanças do paciente.
• Autoimagem: descrição pessoal em três adjetivos.

O objetivo dessa investigação é realizar uma conceitualização do caso, identificando padrões de sofrimento e possíveis gatilhos para um quadro depressivo. A busca por eventos significativos — como fracassos ou perdas — é essencial para compreender a origem da depressão e planejar intervenções eficazes.

Fatores psicológicos e vulnerabilidade à depressão

Diferentes fatores psicológicos influenciam a vulnerabilidade à depressão, incluindo:

• Raça, cultura e etnia
• Gênero e identidade de gênero
• Orientação sexual
• Status socioeconômico
• Idade
• Deficiência física


Pessoas pertencentes a grupos minoritários estão mais propensas a desenvolver depressão, pois enfrentam maior discriminação, exclusão social e dificuldades para acessar suporte adequado.

O processo terapêutico e a avaliação contínua

A avaliação inicial não se limita à primeira sessão. Durante o tratamento, o terapeuta reavalia constantemente o progresso do paciente e ajusta as estratégias conforme necessário. A terapia deve ser direcionada pela mudança e embasada na teoria psicológica, garantindo um processo multidimensional e individualizado.

Valores da avaliação psicológica

Uma avaliação bem conduzida permite:

• Determinar o sucesso ou fracasso da intervenção
• Identificar resultados intermediários
• Avaliar a necessidade de encaminhamento para outro profissional
• Medir a eficácia do tratamento
• Compreender o nível de aceitação do paciente em relação à terapia
• Avaliar a capacidade do paciente de se ajudar

Indicadores de falha no tratamento

Nem sempre a terapia progride como esperado. Alguns fatores podem indicar falhas na intervenção, tais como:

• Faltas frequentes às sessões
• Não cumprimento do contrato terapêutico
• Relação terapêutica frágil (problemas de transferência e contratransferência)
• Desacordo sobre os objetivos da terapia
• Falta de resposta às estratégias propostas

Diante dessas dificuldades, é necessário reavaliar a abordagem terapêutica e, em alguns casos, considerar encaminhamentos para outras formas de suporte.

A Terapia Cognitivo-Comportamental e a ativação comportamental

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das abordagens mais eficazes no tratamento da depressão. Seu modelo de ativação comportamental propõe que a depressão é mantida por padrões de pensamento disfuncionais, levando a emoções e comportamentos negativos.

Modelo cognitivo da depressão

1. Crenças centrais e esquemas → Formadas ao longo da vida, influenciam a visão que a pessoa tem de si mesma, dos outros e do mundo.
2. Pensamentos automáticos disfuncionais → Surgem em resposta a eventos e reforçam padrões negativos.
3. Emoções e comportamentos → Crenças negativas levam a comportamentos de evitação e isolamento.

Na depressão, os pacientes tendem a focar seletivamente no negativo, minimizar o positivo e se culpar pelos fracassos pessoais. Isso forma a tríade cognitiva da depressão, que inclui uma visão negativa de si mesmo, do mundo e do futuro.

Esquemas cognitivos e distorções cognitivas

Os esquemas cognitivos são estruturas mentais desenvolvidas ao longo da vida que influenciam a forma como interpretamos o mundo, as experiências e a nós mesmos. Eles são formados a partir de vivências pessoais, interações sociais e valores culturais, moldando nossas crenças e comportamentos.

Na depressão, esses esquemas costumam ser negativos e desadaptativos, contribuindo para padrões de pensamento distorcidos e para o sofrimento emocional. O psicólogo Jeffrey Young (2006) categorizou 16 esquemas iniciais desadaptativos, divididos em cinco domínios principais:

1. Autonomia Prejudicada e Desempenho

Refere-se à dificuldade em desenvolver uma identidade independente e acreditar na própria competência.

• Dependência/Incompetência: sensação de incapacidade para lidar com responsabilidades e tomar decisões.
• Subjugação: tendência a se submeter aos desejos dos outros por medo de rejeição.
• Vulnerabilidade ao Dano ou Doença: crença de que algo terrível pode acontecer a qualquer momento.
• Enredamento/Self Subdesenvolvido: dependência excessiva de figuras importantes, com perda de identidade própria.

2. Desconexão e Rejeição

Relaciona-se à dificuldade em formar vínculos afetivos saudáveis.

• Privação Emocional: crença de que nunca receberá amor, cuidado ou apoio suficiente.
• Abandono/Instabilidade: medo constante de ser rejeitado ou abandonado.
• Desconfiança/Abuso: expectativa de que os outros irão machucá-lo, enganá-lo ou traí-lo.
• Isolamento Social/Alienação: crença de que nunca se encaixa e sempre será rejeitado pelos outros.

3. Subestimação e Indesejabilidade

Envolve sentimentos de inadequação, vergonha e fracasso.

• Defectividade/Vergonha: crença de ser fundamentalmente falho ou indigno de amor.
• Fracasso: sensação de ser incompetente e inferior em relação aos outros.

4. Autoexpressão Restrita

Relaciona-se à inibição emocional e à autossacrifício excessivo.

• Inibição Emocional: medo de expressar emoções por receio de críticas ou rejeição.
• Autossacrifício: tendência a colocar as necessidades dos outros acima das próprias, gerando ressentimento.
• Padrões Elevados/Perfeccionismo: autocobrança extrema e busca por metas inatingíveis.

5. Limites Insuficientes

Diz respeito à dificuldade em estabelecer limites saudáveis na vida pessoal e profissional.

• Autocontrole/Autodisciplina Insuficientes: dificuldade em tolerar frustrações e se manter disciplinado.
• Autocobrança Exagerada: exigência excessiva de desempenho, levando ao estresse e ao esgotamento.

Processos Relacionados aos Esquemas

Os esquemas podem influenciar o comportamento de diferentes formas, levando a padrões desadaptativos:

• Manutenção Esquemática: a pessoa reforça o esquema ao buscar situações que confirmem suas crenças negativas (exemplo: alguém com esquema de abandono escolhe parceiros emocionalmente indisponíveis).

• Compensação Esquemática: o indivíduo age de forma exagerada para evitar sentir o impacto do esquema (exemplo: alguém com esquema de defectividade busca atenção e validação excessivas).

• Evitação Esquemática: a pessoa evita situações que possam ativar seu esquema, mas isso limita sua vida e impede o crescimento emocional (exemplo: evitar relacionamentos por medo de rejeição).

Distorções cognitivas na depressão

As distorções cognitivas são padrões de pensamento automáticos e irracionais que reforçam emoções negativas e comportamentos prejudiciais. Na depressão, essas distorções são comuns e contribuem para a manutenção do sofrimento. Algumas das mais frequentes incluem:

1. Pensamento Dicotômico (Tudo ou Nada) – Ver o mundo de forma extrema, sem nuances. Exemplo: “Se eu falhei uma vez, sou um completo fracasso.”

2. Supergeneralização – Tirar conclusões amplas a partir de um único evento negativo. Exemplo: “Nada nunca dá certo para mim.”

3. Abstração Seletiva – Focar apenas nos aspectos negativos da situação, ignorando os positivos. Exemplo: “Recebi muitos elogios, mas uma pessoa me criticou, então meu trabalho foi ruim.”

4. Inferência Arbitrária – Tirar conclusões negativas sem evidências. Exemplo: “Ele não me respondeu porque não gosta de mim.”

5. Maximização e Minimização – Ampliar falhas e diminuir conquistas. Exemplo: “Cometi um erro no trabalho, isso prova que sou incompetente.”

6. Personalização – Se culpar por eventos externos. Exemplo: “Meus amigos estavam de mau humor, deve ser porque fiz algo errado.”

7. Previsão do Futuro e Catastrofização – Assumir que o pior sempre vai acontecer. Exemplo: “Tenho certeza de que vou falhar na entrevista.”

8. Rotulação – Definir-se com base em falhas. Exemplo: “Sou um perdedor.”

Formulação do caso e estratégias de intervenção

A formulação do caso na TCC ajuda a:

• Compreender a relação entre os problemas do paciente
• Escolher a melhor estratégia de tratamento
• Identificar pontos específicos de intervenção
• Prever comportamentos e dificuldades no processo terapêutico
• Redirecionar o tratamento quando necessário

Os objetivos da terapia devem ser estabelecidos colaborativamente, com metas claras e ajustáveis ao longo do processo.

A avaliação psicoterápica de admissão é um pilar fundamental para a compreensão do paciente e a construção de um tratamento eficaz. Através da análise da história de vida, padrões cognitivos e fatores psicológicos envolvidos, o terapeuta pode formular um plano de intervenção baseado na TCC, auxiliando o paciente a modificar seus pensamentos disfuncionais e a desenvolver estratégias para lidar com seus desafios emocionais.

O sucesso da terapia depende não apenas da técnica utilizada, mas também da aliança terapêutica e da disposição do paciente para o processo de mudança. O acompanhamento contínuo e a flexibilidade na abordagem são essenciais para garantir a eficácia do tratamento e promover o bem-estar do indivíduo.

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